segunda-feira, agosto 22

À minha frente, uma janela um pouco embaçada pelo frio.
Lá fora, uma chuva gélida cai, molhando os cabelos de alguns loucos que se atrevem a sair.
Enrolada numa coberta azul claro, com uma xícara de café fervente ao meu lado, tento espantar o frio que consome meu coração.
Desvio os olhos do teclado, e olho para o céu, aquele céu cinzento e duro, que derrama suas tristes lágrimas transparentes, boas para uns, terríveis para outros.
Esse ritmo entediante contagia, leva meus olhos a seguirem as pequenas gotas, leva meus olhos a lacrimejarem tambem. Começo de repente a pensar em coisas distantes, memórias que estavam no arquivo morto da minha mente, dias de chuva passados, dias sorrindo na chuva, dias chorando na chuva.
Mais de repente ainda, minha mente se volta para o outro lado do Atlantico, nos dois melhores meses da minha vida, num lugar onde a chuva não abandona jamais, num lugar onde a chuva já é da família.
Mais uma lagrima rola em meu rosto por perceber onde estou, e que a garoa em que fixo meu olhar nunca será a mesma que gelou minha face enquanto eu tomava meu café indo a caminho do curso.
Hoje o céu me parece triste. Ele quer dizer alguma coisa? Não consigo decifrar.
Perdida em devaneios, não consigo tirar meus olhos das cristalinas gotas.
Uma musica toca lá fora, não sei de onde vem, estou hipnotizada demais para procurar sua origem. Mas meus ouvidos ainda a ouvem, é bonita. Desconhecida, mas bonita.
Olho distraidamente para o relogio, 17:35.
Já está na hora! Hora de enfrentar aquela chuva lá fora, hora de enfrentar o mundo real.
Seco a última lágrima do meu rosto e me despeço da minha cadeira quente. Olho para minhas luvas e para minha touca. Não posso mais adiar a saída. Fecho a cortina e desligo o computador. Está na hora.

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