domingo, agosto 28

O vento. As árvores ao longe balançando ao som da música.  Esse verde que invade toda a  visão. O mundo parece deserto. Não ouve nada além da musica alta, ela abafa até o delicado canto dos passarinhos que vê voando. Uma borboleta azul passa, gira em volta de sua cabeça e se vai, com seu vôo desajeitado..
Um caminho de pedras leva até um velho carvalho, quase morrendo.
Ele não parece se importar com o vento, já nao tem folhas para serem balançadas e seus galhos rígidos nem se movem mais.
A garotinha se sentou numa das raízes dessa árvore monumental, pegou seu caderninho de desenho e seus lápis de cor e começou a esboçar algo... Ela tentou retratar os passarinhos, as flores coloridas, o sol naquela clareira, os duendezinhos que ela imaginava estar ali.
Quando terminou seu desenho, porém, a pequenina aventureira olhou ao redor e sentiu coisas das quais apenas tinha ouvido os adultos falarem pensando que ela não entenderia.. Sentiu amor por aquele pedacinho de mundo, sentiu solidão, sentiu ódio pelos homens que ela sabia que destruiam aquilo que ela descobriu amar.
Começou  um novo desenho, dessa vez menos colorido. Desenhou homens, com armas nas mãos, morrendo. Desenhou bombas explodindo. Desenhou torres caindo, aviões ao redor delas. Desenhou homenzinhos de olhos puxados conhecendo a dor, e desenhou seus filhos deformados e feios..
Uma lágrima rolou daqueles olhinhos que tinham ainda muito para ver.
A ponta de seu lápis quebrou quando ia desenhar a última pena da ponta da asa negra daquele anjo, aquele que pairava sobre o mundo, o planeta que ela amava.
Porque o desenhara tão vermelho? Parecia feito de sangue. Ela se assustou.  Porque desenhou tudo o que amava destruído? Ela nem conhecia muitas coisas que havia naquele papel.
Assustada e chorando, ela largou seu caderninho e seus lápis e correu... Correu para o lugar de onde ela tinha vindo, voltou pelo caminho de pedras, deu adeus aos passarinhos e às borboletas, e com uma última lágrima deixou aquele pequeno mundinho que ela tanto amava.
Mal a pequena e linda garotinha sabia que aquelas coisas horriveis não ficariam apenas no papel e na sua memória para sempre. Em breve o mundo começaria a conhecê-las.

sexta-feira, agosto 26

leticianogara:
            Superficialidade nunca foi muita coisa da minha vida. Talvez fosse algo com um patamar muito avançado, como um vestido de quinhentos e treze dólares em uma loja de grife. Ou talvez fosse algo tão simples quanto comprar maquiagem em uma loja de R$1,99. Como se os sentimentos precisassem ser tachados com preços tão suficientes ou insuficientes. Como se esses sentimentos acabassem como um toque de mágica por conta da última liquidação da loja barata da esquina.
           Não sou dessas pessoas que acabam perdendo a paciência à espera do grande amor, ou à espera do despertar de certos sentimentos. Confesso, e não com muita vergonha que sonho tanto, que vezenquando fecho os olhos enquanto me escorro no parapeito da janela sonhando com certos momentos, imaginando se algum dia aquelas ceninhas meio-que-chicletes que ocorrem em certos filmes românticos, acontecerão comigo. Mas de repente, bato minha cabeça no canto da janela, e percebo que sonhar não é tão bom quanto parece.
          Ao menos nos dias de hoje, muita coisa (a maioria, confesso) nunca é como parece ser. A realidade é que comprar amizade, e amores bem resolvidos está tão fácil quando comprar um tênis falsificado de uma marca famosa. E tudo isso, se desgasta. Os tênis, e os sentimentos, claro.
          Mas não quero algo qualquer entrando na minha vida. Eu quero a realidade, a boa e velha realidade. Não sorrisos forçados, como em uma conversa de parentes que não se viam há muito tempo. Eu quero sorrisos, não bocas abertas mostrando os dentes por qualquer besteira. Quero abraços, não duas pessoas se “encostando” de braços abertos enquanto desejam tudo de melhor para umas às outras. Quero amizades verdadeiras, não viver só coisas boas numa roda de conhecidos, e de repente, em meio ao temporal não encontrar nenhum guarda-chuva para me proteger. Quero amor, não palavras decoradas, não apenas sorrisos bobos. Quero amor, e não pessoas que vivem se entregando pra aqueles que não merecem nem um pouco esse tipo de sentimento.
            Quero continuar a escrever tudo o que eu penso e tudo o que eu sinto. E não apenas fingir, para iludir as pessoas com sóis que nunca irão sair antes de muitos temporais.
É, eu não teria dito melhor /\  ._.'

terça-feira, agosto 23

Apenas um sonho.

O relogio marca uma hora da manhã, mas ela está sem sono.. Tenta fechar os olhos e sonhar, mas não consegue.
O dia foi longo, e ela deveria estar cansada demais até pra pensar. Mas ainda assim, sua mente trabalha como nunca, e ela não consegue parar de pensar, e se desligar.
Uma torrente de sentimentos a invade, não sabe qual é o mais forte.
Dor, alegria, ódio, amor, frustração, felicidade. Tudo a rodeia como um redemoinho, como abutres à espera de um animal doente morrer para ser devorado, então.
Ela apaga a luz e se enrola no cobertor... Está calor. Tira os braços pra fora.
Olhando para o teto escuro, ela passa a mão em seus cabelos e fala com aquele deus que ela não conhece. "Deus, se voce existe, me escute". Será que ele existe?
Ela vira e coloca o braço debaixo do travesseiro, se aconchegando.
Preciso dormir, preciso dormir. E enfim, relaxa.

Agora ela está sentada num jardim florido, em cima de uma toalha de piquenique xadrez. A cesta dourada está cheia de maçãs vermelhas. Ela pega uma, admira sua cor vibrante, a põe de volta no lugar.
Olha ao redor, e vê campos de trigo ao longe, alguns cavalos correndo numa fazenda próxima, e um riacho que corta a planície.
Algo lá em baixo lhe chama a atenção. Alto, cabelos loiros, calças jeans e camisa branca... seus Allstar pretos em contraste com a grama.
De costas ela não o reconhece. Mas eis que ele se vira e acena, sorrindo. Ela se pergunta, o que está fazendo num sonho com ELE. Justo ele?!
Ela abre os olhos, pasma. Sonhei com ELE? Não é possivel. Vira pro outro lado em sua cama, e olha o céu negro através do vidro. Seu olhar foca na única estrela do céu...
Em algum lugar longe dali, num bairro distante da cidade...
Ele não consegue dormir.. Que horas são? Ah, celular sem bateria.
Se vira na cama, mas não acha uma posição adequada.. Porque eu sonhei com ela novamente? Quem é essa garota? Isso não faz sentido... Olha pela janela, e vê uma única estrela no céu. E adormece pensando nela, e na garota do piquenique que ele nunca conheceu.

segunda-feira, agosto 22

À minha frente, uma janela um pouco embaçada pelo frio.
Lá fora, uma chuva gélida cai, molhando os cabelos de alguns loucos que se atrevem a sair.
Enrolada numa coberta azul claro, com uma xícara de café fervente ao meu lado, tento espantar o frio que consome meu coração.
Desvio os olhos do teclado, e olho para o céu, aquele céu cinzento e duro, que derrama suas tristes lágrimas transparentes, boas para uns, terríveis para outros.
Esse ritmo entediante contagia, leva meus olhos a seguirem as pequenas gotas, leva meus olhos a lacrimejarem tambem. Começo de repente a pensar em coisas distantes, memórias que estavam no arquivo morto da minha mente, dias de chuva passados, dias sorrindo na chuva, dias chorando na chuva.
Mais de repente ainda, minha mente se volta para o outro lado do Atlantico, nos dois melhores meses da minha vida, num lugar onde a chuva não abandona jamais, num lugar onde a chuva já é da família.
Mais uma lagrima rola em meu rosto por perceber onde estou, e que a garoa em que fixo meu olhar nunca será a mesma que gelou minha face enquanto eu tomava meu café indo a caminho do curso.
Hoje o céu me parece triste. Ele quer dizer alguma coisa? Não consigo decifrar.
Perdida em devaneios, não consigo tirar meus olhos das cristalinas gotas.
Uma musica toca lá fora, não sei de onde vem, estou hipnotizada demais para procurar sua origem. Mas meus ouvidos ainda a ouvem, é bonita. Desconhecida, mas bonita.
Olho distraidamente para o relogio, 17:35.
Já está na hora! Hora de enfrentar aquela chuva lá fora, hora de enfrentar o mundo real.
Seco a última lágrima do meu rosto e me despeço da minha cadeira quente. Olho para minhas luvas e para minha touca. Não posso mais adiar a saída. Fecho a cortina e desligo o computador. Está na hora.

domingo, agosto 7

.-.

Caraca, eu to muito a fim de umas coisas... mas não há ninguem que eu conheça que queira ir comigo D: kkk
Tipo, andar de patins no lago, comer batata frita, ir na piscina, andar de skate, e seila, coisas diferentes, criativas kk
Mas não dá pra fazer muitas coisas nessa pequena cidade aqui, er.

segunda-feira, agosto 1

~

É dificil saber quem eu sou. Ou o que quero da vida.
Há pouco tempo atrás eu era totalmente diferente do que sou agora. Muitos valores mudaram, muitas concepções e conceitos foram deixados de lado, para uma nova visão da vida, da amizade, do amor..
Meus olhos ainda nao vêem tudo, mas estão pelo menos mais claros do que há uns meses.. e eu nem sei se isso é tão bom, pois agora eu já não me sinto tão realizada quanto na época que eu era ignorante sobre as coisas... Eu me sinto muitas vezes vazia, sem propósito.
São poucas as pessoas que me fazem sorrir de verdade, com a felicidade sincera, e por coisas muitas vezes bobas.
Ainda continuo rindo de tudo quando estou em meio a amigos, ainda amo minha vida acima de tudo, e ainda consigo apreciar a comida, a música, a conversa com uma pessoa culta e interessante, mas está cada vez mais difícil encontrar pessoas e coisas novas para conhecer, coisas que valham a pena mesmo.
Eu sempre paro para refletir se o caminho que estou seguindo é o que  me levará à felicidade, e se no futuro eu serei o que quero ser, ou se vou parar em um apartamento qualquer por aí, trabalhando em alguma empresa aí, ganhando meu salário mínimo e seguindo uma rotina medíocre. Sem amigos, sem namorado, sem as coisas que eu tanto sonho. Ou se me tornarei um poço de conhecimento que nao servirá para nada na minha vida, tipo fórmulas para saber a energia gasta em tanto tempo de uso de uma geladeira u_u'
Pode parecer bobo, mas o que eu quero é aventura, é adrenalina, é uma vida de saber e cultura, cercada de pessoas que gostam do que eu gosto, e nao se deixam levar por coisas banais, pessoas que nao ficam bebadas em uma festa, para pegar geral, que nao vêem graça em usar roupas coladas e curtas, pessoas que não vivem só para estudar para uma prova, e que se privam do lazer pela obrigação de tirar notas impecáveis.
Eu não vejo o objetivo do vestibular, voce aprende milhares de coisas que nunca mais vai ver na vida, apenas para ser selecionado para entrar em uma faculdade exigente na entrada e que nem liga para seus alunos ou para o que eles fazem com o tempo e a vaga deles.
E depois, voce se forma para satisfazer a sociedade e ganha um papel que diz o que voce sabe e o que está apto a fazer.
Eu tento fugir desse sistema, eu tento. Mas é impossivel nessa cidadezinha de 150 000 habitantes no interior do Paraná, onde todo mundo se conhece e onde a sociedade é mais preconceituosa do que em muitos lugares. Como fazer para ser livre, como fazer pra ter lazer aqui? Onde procurar a felicidade nesse lugar onde nem um concerto de verdade se vê livre de pessoas ignorantes?
Talvez eu seja presunçosa demais, talvez pareça que eu me acho superior, oque peloamor não é verdade ._., e muita gente poderia pensar mal de mim por isso. Mas vale explicar que eu sei que comparada a muitas pessoas admiráveis eu sou apenas uma ameba, e nao preciso nem ir tão longe pra isso, há alguns amigos meus que eu admiro profundamente, eu ainda tenho mundos para aprender, e tenho muitos anos para isso. Me sinto muito ignorante em muitos assuntos, e tenho vergonha de admitir que muitas vezes nao corro atrás de aprender. Mas gosto de ter uma consciencia nessa idade, porque quando eu de fato souber o que é a vida e conhecer o mundo eu poderei evoluir e me tornar alguem melhor. Me tornar um alguém e sábio, ponderado e que saiba apreciar coisas interessantes. Que lê, que ouve musica, que faz as coisas para sua própria felicidade, em um lugar onde ninguém te diz o que fazer ou quem ser, um lugar onde voce possa ser livre de verdade.